Ultimamente, meu ambiente de trabalho anda um pouco estressante. Um pouco, apenas, pois aprendi ao longo dos meus dez anos de profissão, a conviver com pessoas, fatos e situações estressantes. E levei isto tranquilamente até aqui.
Porém, quando me deparo com um ambiente de trabalho 'um pouco mais' irritante, certamente para um outro alguém que seja, por exemplo, um biólogo, acostumado à sua tranquila estufa, meu pequeno mundinho jurídico pode parecer o mais loucos dos infernos.
Lidar com o ser humano é bastante desafiador. Imagine então o quanto desgastante é lidar com um ser humano com problemas jurídicos a enfrentar. É mais ou menos assim que a advogada aqui vive todos os dias. Tal como um médico oncologista, situações terminais são frequentes, e 'fazer justiça' torna-se praticamente impossível quando se tem diante de si expectativas não concretizáveis.
O processo é a minha paixão. Pra grande maioria, pode apenas representar um bloco de papéis envelhecidos, causador de alergias, com escrita praticamente indecifrável, na língua juridiquês irritante de advogados, juízes e promotores. Mas não o é. Na faculdade, temos que aprender a ter respeito pelo processo e a decifrá-lo não somente como um monte de papel, mas a síntese da vida de seres humanos que estão em conflito. A sua atuação como advogada pode representar, assim, o alívio para pelo menos um deles.
Infelizmente, essa consciência a respeito do processo não atingimos na faculdade. É só com o passar dos anos e com a 'experiência' que passamos a adquirir estes conceitos. Talvez este seja o grande diferencial entre advogados mais antigos e os mais novos. Os mais velhos, necessariamente, já passaram por percalços mais difíceis, já captaram as mazelas humanas com maior rapidez e entenderam o quanto é rico saber separar a teoria da prática.
O bom advogado é aquele que melhor consegue passar uma mensagem e defender sua ideia com maior afinco. Para isso, é preciso, de início, entender a mensagem a ser passada e captar os melhores argumentos possíveis para que tal ponto de vista possa ser convincente. Parece simples, mas tudo isto passa antes pelo relacionamento humano entre profissionais, clientes e instituições. É aí que mora o perigo. É aí que a profissão se torna realmente perigosa.
Na sua profissão, o que realmente é perigoso?
1 comentários:
Na minha profissão ( professora) perigo são certas brincadeiras de crianças...tenho pavor de batidas na cabeça e cortes profundos!!!
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