Certa vez, vendo um programa num sábado à tarde chuvoso qualquer (viva a TV a cabo!), deparei-me com um grande espetáculo. O desafio era tentar arrumar dois cômodos da residência de um casal, cuja única tarefa aparente nos últimos vinte anos foi unicamente juntar tralhas.
A bagunça era tanta que, até para o programa, o desafio era praticamente impossível. Não se conseguia sequer entrar ou muito menos circular pelos ambientes da casa. Tudo era um grande amontoado de bugigangas, daquelas que nos deparamos e nos perguntamos... tá, mas pra que isso?
Enfim, o questionamento que ficou daquele programa foi o exagerado apego ao material. O materialismo daquele casal era tamanho que, ao se deparar com um velho aspirador de pó (com idade aproximada de 50 anos - sem uso há mais de vinte), cuja caixa ocupava um espaço de mais ou menos dois metros quadrados, e questionado se poderia se desfazer dele, o homem entrou em prantos, dizendo que não conseguia se desfazer do velho e inútil objeto.
Um psicólogo entrou na parada pra tentar a grande façanha. A pergunta dele, fatídica, ao emocionado homem, foi: o que te remete este aspirador de pó? Ele, choroso, respondeu: lembro de minha mãe limpando a casa com ele, e a família toda reunida... este aspirador de pó me remete ao tempo em que toda a minha família estava junta, feliz.
Ok, interessante. Posso te propor uma substituição? Que tal tirarmos uma foto, e colocar o aspirador de pó numa grande moldura, em local de destaque, na sua sala, pendurado na parede? O homem, corajosamente, topou... e assim, a grande caixa de dois metros quadrados se foi.
Interessante pensar o grau que um objeto tem poder sobre nós, humanos. Não posso me conceituar como uma pessoa materialista, longe disso, aliás, odeio juntar tranqueiras, mas não se pode negar que um objeto, relíquia sentimental, pode fazer uma grande diferença na vida de todos nós. Pode ser uma pedrinha, um velho cinzeiro, uma correntinha de plástico, uma toalhinha bordada, uma imagem de santo, uma velha colcha ou mesmo uma meia de tricô (eu tenho uma dessas, que eu mesma fiz há trocentos anos atrás e adoro, pois me esquenta todo inverno, embora seja horrorosa).
A discussão aqui centra-se em saber que poder um objeto tem sobre sua vida. Na minha concepção, um objeto permite que você se transporte no tempo, para uma situação absolutamente boa ou ruim, e, em qualquer momento, desde que você o perceba, essa viagem se materializa. Assim, se o objeto lhe remete a uma situação positiva, uma lembrança alegre, você o tem perto. Se não, você se desfaz logo, logo.
Esse é o poder material... o desafio é conseguirmos visualizar e nos transportar aos momentos alegres (só os alegres), sem precisar deles. Ainda é difícil, mas é um desafio saudável. O exemplo da foto do aspirador de pó na parede pode ajudar.
2 comentários:
Querida Isa,
Os objetos, os cheiros,uma música.... todos esses elementos podem nos levar a momentos felizes.. ou tristes!
Que sejamos felizes então!
Gd beijo
Com certeza... sejamos felizes, sempre!
Obrigada pela visita.
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