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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Quanto vale?


É fato. Precisamos uns dos outros para sobreviver. Por mais que você seja esperto, capaz e auto confiante, sempre haverá algo que não saberá fazer, algo que precisará delegar, tarefas que não conseguirá cumprir.

Pois bem.

A pergunta de hoje é: quanto vale uma habilidade?

Quanto vale descobrir qual a peça que deve ser trocada para o carro voltar a funcionar? O preço de uma fórmula para crescer cabelos? Quanto é uma receita saborosa, daquelas que ficam na memória? Um texto bem escrito? Uma massagem revigorante? Quanto vale um trabalho artesanal, ou uma camisa bem passada...um cobertor cheiroso ou uma consulta médica por telefone, às 3 da manhã, que receita o remédio certo para curar a dor de ouvido de seu filho?

Da lista acima certamente pagaria um bom preço, sem reclamar, de alguns itens. Habilidades deveriam ser medidas pelo seu alto grau de raridade, oportunidade, conveniência e... tempo para adquiri-la. E não apenas simplesmente pelo que o mercado entendo como justo.

Uma antiga historinha pode exemplificar exatamente o que expresso aqui. Vamos a ela. Esse texto foi publicado em 06 de março de 2003, na Folha de São paulo, de autoria de Mário Sérgio Cortella:

'Conta-se que em uma imensa fábrica nos EUA, funcionando o tempo todo por 24 horas ininterruptas, plena de mecanismos sofisticados, máquinas avançadas e equipamentos hidráulicos de última geração, ocorreu uma pane desconhecida. De pronto, sem qualquer aviso, todo o sistema ficou paralisado. Ora, cada minuto era precioso, tendo em vista a perda acelerada de dólares que a parada causava. A engenharia de manutenção e o suporte técnico foram imediatamente chamados, os especialistas examinaram todas a estruturas possíveis, os relatórios informatizados e as planilhas de operação foram vasculhados e nada. O defeito não era localizado.

Passa-se um dia, dois e, no terceiro, com a direção já desesperada, prefere-se convocar dois técnicos do Japão, que, um dia após a chegada e a inspeção, já haviam desistido. No sexto dia, tarde da noite, reúne-se a desanimada diretoria, à beira do colapso criativo e próxima de buscar soluções esotéricas para sanar o imenso prejuízo acumulado. Num determinado momento, um dos diretores diz: "Lembrei-me de uma coisa! Há um velho encanador que trabalha há mais de 50 anos nesta cidade. Quem sabe, como recurso extremo, ele nos ajude". Sem alternativa, chamam o antigo profissional que, com sua maleta de ferro já desgastada, caminha silencioso por toda a fábrica e, de repente, perto da área central, pára, abaixa-se, coloca o ouvido no piso e dá um leve sorriso. Tira, então, da maleta, um martelo de borracha e, com ele, dá uma pancada no chão. Tudo volta a funcionar. Júbilo, alegrias, vivas.

O gerente financeiro, depois de abraçar efusivamente o encanador, pergunta pelo custo do serviço. Ele responde que são mil dólares. O gerente, atordoado, retruca: "Mil dólares por uma marteladinha? Não dá, não vão aceitar. Faça, por favor, uma nota fiscal detalhando todo o seu trabalho aqui". O velhinho não se incomoda: preenche o documento e entrega ao gerente, que lê a discriminação:
"a) dar a marteladinha, 1 dólar;
b) saber onde dar a marteladinha, 999 dólares".

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