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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Como minha mente vê


Um ancião, deficiente visual, acabara de perder sua companheira, falecida depois de anos de convivência mansa e feliz. Sozinho, já debilitado pela idade, e ainda com suas naturais dificuldades em razão da cegueira, decidiu procurar um asilo para morar, onde teria assistência e companhia.

Chegando ao local, a atendente se aproxima, falando do local onde seria sua próxima residência... - Olha, o senhor irá gostar muito daqui... o quarto é muito arejado, sol da manhã, os móveis são dispostos de forma a facilitar o seu cotidiano, as pessoas que aqui moram são...

Eis que o velho a interrompe...

- Eu adorei, adorei mesmo, está ótimo!
- Mas eu nem lhe mostrei o local, nem o quarto ainda, senhor!
- Não precisa, minha mente já havia gostado de tudo, antes mesmo de eu entrar aqui...

Bem assim: felicidade é o resultado de uma escolha que se faz previamente e independe de qualquer acontecimento bom o ruim que acontece em sua vida.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Responsabilidades infantis


Voltando da escola, caminho arborizado e florido, um belo fim de tarde... Papo rola solto com minha pequena de seis anos, quase sete...

Perguntava eu como ela estava se sentindo no segundo ano, pois já está prestes a encerrar a segunda semana de aula e queria saber como estava sendo a coisa toda na cabecinha dela...

- Eu estou 'a-do-ran-do' mãe!!! (assim, pausadamente).
- Ah é, filha? E por que?
- É porque eu estou tendo muitas responsabilidades e estou gostando de sentir isso.
- É mesmo?
- Claro, o segundo ano está começando muito bem. Eu percebi que a gente é responsável por tudo o que faz. Tem amigos que não se comportam muito bem e eles atrapalham os outros que querem aprender. 
- Ah, isso é muito ruim, não é mesmo?
- Eu fico muito chateada e falo logo pra esse amigo, mas eles muitas vezes não dão bola e querem continuar atrapalhando os outros. Aí, não tem jeito, tem que ir pra sala do inspetor.
- Humm.
- Eu também agora sou responsável pelo dinheiro da cantina que você me dá, eu cuido direitinho. Sou responsável por cuidar da minha mochila, dos meus materiais. Eu também cuido de mim mesma, tô aprendendo. Tem até os inspetores que ficam pelo colégio que ajudam, se eu precisar. Mas eu sei que sou responsável até pelo meu tempo. Por exemplo, quando eu te prometo que vou te esperar na biblioteca, eu estou lá, aproveitando o meu tempo, lendo um livrinho, jogando uns jogos bem legais no computador. Eu gosto.
- Nossa filha, quanta coisa boa que você está aprendendo.
- É verdade. Por isso estou adorando o segundo ano. Eu até vi hoje na televisão que um ciclista morreu porque foi atropelado, pois não havia ciclovias para ela andar no espaço dele. Eu fiquei muito triste...
- É mesmo filha, é uma coisa terrível...
- Eu acho que esse nosso prefeito não tá fazendo nada certo. Nem mandou construir ciclovias.... (pausa). Mãe, será que um dia posso ser prefeita?
- Claro filha, pode sim. É um cargo de muita responsabilidade, sabia?
- Ah sim, mas eu estou aprendendo a ter responsabilidade, e estou gostando muito disso. Eu acho que vou ser uma ótima prefeita! Vou fazer ciclovias para as pessoas andarem de bicicleta e não serem atropeladas. Também vou dar um jeito nessas filas da nossa cidade, que são muitas!
- São decisões muito importante para a nossa cidade, tenho certeza que você será uma ótima prefeita, pensando assim.

Sorrisão feliz da filha, encerrando o papo... Sorrisão maior ainda da mãe, inflada de emoção...


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Comunicação falha


Vez ou outra isso ocorre... uma mensagem com determinada intenção parte do seu agente e chega ao seu receptor truncada, abafada, sem nexo.

Resultado: o receptor interpreta-a a seu gosto, o que, na maioria das vezes, é bem diferente da intenção original do que emitiu a tal.

Até aqui, tudo bem... sinais ocupados e interferências podem até ser considerados corriqueiros, sem gravidade suprema... o problema é quando aquele que recebeu a mensagem truncada, toma-a como verdade absoluta.

E, em geral, esta verdade 'absoluta', aos olhos ouvidos do receptor de orelha suja, acaba se transformando em  ofensa. O desgosto lhe corrói a alma, a raiva, a decepção, a tristeza...
Afinal, eram amigos... como pude acreditar naquele que hoje se mostra tão cruel, tão falso...?

Mais uma vez, falha na comunicação. Ouvir de terceiros uma história que envolve a sua pessoa, merece cautela. Afinal, qual a verdadeira intenção daquele que lhe conta a tal história? Seria mesmo verdade aquilo que lhe foi contado?

Confesso que aprendi, a duras penas, separar e filtrar o que chega até os meus ouvidos... e dou pouca importância a histórias alheias que vêm recheadas ou pingadas de venenos. Cansa... Passei a limpar com mais frequência meus canais auditivos.

E me fez bem.

Já era seletista... fiquei pior.

E quem ouve menos, fala menos. É um bom exercício. Fiz isso porque percebi que até mesmo o que você fala, ecoa erradamente, não traduzindo com perfeição sua real intenção. Um comentário sem maldade, acompanhado de um suspiro e de um olhar desdenhoso pode ser multiplicado rapidamente com maldade, e ainda atribuído à sua pessoa a autoria.

Melhor não arriscar. Em boca fechada nunca entrou mosca. Moscas preferem podridão e sujeira... longe de mim.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Frases de todo dia


Eu sempre fui apaixonada por frases. Não qualquer frase, é claro, mas principalmente as curtas (no tamanho), mas enormes de conteúdo. A capacidade do autor em sintetizar um pensamento reflexivo em apenas uma única frase, daquele jeito em que o leitor fica em silêncio, durante algum tempo, após lê-la é um talento que admiro muitíssimo.

Vagando eu pelos sites da internet, estava à procura de um adesivo decorativo para a minha sala. Encantei-me com árvores e frases, por certo. São milhares de opções de letras, cores, formas, tamanhos, que dá até vontade de desistir...

Qualquer frase é possível personalizar, e é preciso encontrar aquela que mais combina com o contexto do ambiente, o estilo dos moradores e com a mensagem que se pretende deixar marcado a todos que visitam aquele ambiente.

Então, estou à procura desta tal.

E nesta procura - aliás, a melhor parte - lembrei do quanto amo frases reflexivas e impactantes... Fui atrás das melhores frases do mundo. Encontrei aquelas que mais se repetem em vários sites com este propósito, e praticamente todos se concentram em três pensadores, não por acaso, dos maiores gênios da humanidade...

Friedrich Nietzsche, filólogo alemão.
William Shakespeare , poeta e dramaturgo inglês
e Winston Churchill, historiador, escritor e estadista notável.


Doos três, pérolas incríveis deparo-me todos os dias. Suas frases são um deleite para a reflexão, um convite ao pensamento fértil e ao crescimento espiritual.

Continuarei a minha pesquisa até encontrar 'a' frase que traduz o que pretendo...

Vem comigo e faça também sua viagem...

Do alemão:

"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.” 
“O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.” 
“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.” 
“É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.” 
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.” 


Do inglês:

“A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial.” 
“Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador.” 
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.” 
“Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” 
“Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te.” 


E do estadista, minhas preferidas:

“O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade.” 
“O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo.” 
“Se você está atravessando o inferno… não pare.” 
“O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual de benesse; o do socialismo é a distribuição por igual das misérias” 
“Todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressas numa só palavra: liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança.”

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pequenas invasões cotidianas


Odeio que invadam o meu espaço. Acredito que todo ser humano se incomode com invasões, mas a pior delas é a do tipo sutil, que vai ocupando aos pouquinhos, até culminar no domínio total de um território que antes lhe pertencia.

As pequenas invasões cotidianas se mostram insuportáveis dependendo do grau de tolerância do antigo ocupante... Confesso, o meu é extremamente pequeno.

Existem espaços que você permite a alguns privilegiados compartilhar, outros nunca. São espaços sagrados o seu quarto, sua mesa de trabalho, seu corpo, seu hobby, sua cozinha, sua bolsa, telefone celular. Alguns ainda são mais radicais e não compartilham pessoas, animais e até mesmo objetos absolutamente fora de qualquer suspeita. E tudo isso sem que o, às vezes, inocente  invasor, saiba ou imagine. 

Aquela cadeira que só você senta, a caneca preferida, o livro xodó, o espaço do armário, são todas barreiras interpessoais difíceis de enxergar, mas que continuam muito vivas aos olhos do seu proprietário, irritando sobremaneira aquele que se vê invadido.

E a modernidade ainda chega com mais espaços, os virtuais... ou será que você não se irritaria ao saber que seu email pessoal foi lido por terceiros?

Na verdade, só não é invadido quem aprendeu a deixar muito claro aos demais onde estão os limites demarcatórios do seu espaço. E isto só é conquistado às custas de muita prática negativa e, às vezes, deixa inimigos pelo caminho... 

E segue mais uma das escolhas da vida: ou aprende a dizer claramente qual seu território, ou as pequenas invasões cotidianas continuarão a irritar... Ainda estou aprendendo, mas já avancei bastante...
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