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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Eu nunca entendi...


Há milhares de coisas que já cansei de tentar entender... Criei um mecanismo de auto defesa, capaz de me fortalecer diante do que não posso controlar.

É simples: aceitação.

Não aquela aceitação franca, sem questionamento, passiva. Aceitar não significa concordar, apenas entender sua insignificância diante do que não é possível mudar, ou do que não se quer mudar.

Já percebi que quando se aceita, o peso dos ombros diminui, a vida fica mais leve e o passo mais firme. Para quem o inverso insiste em acontecer, o fardo é mais árduo, os dias são mais longos e a frustração é corrente.

Preciso dizer que não entendo para aceitar minhas limitações, rever meus conceitos ou simplesmente iniciar um novo processo de entender. Mudam-se as perspectivas, alteram-se os dados e as versões e uma nova compreensão se faz.

Não entendo, mas aceito. Melhor assim. 

Clarice Linspector traduziu, com singular doçura, o não entender:

Não entendo 
Isso é tão vasto
que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha,
como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso,
é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação:
quero entender um pouco.
Não demais:
mas pelo menos entender que não entendo.

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