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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tá chegando...


Eis que os primeiros ventinhos gelados começam a aparecer... ainda tímidos, mas estão vindo. Hora de esquentar o pé, derreter os ovos de chocolate pra fazer com leite batido e quente, convidar amigos para fondue, fogão à lenha...

A conta de luz agradece aqui em casa, ar condicionado só no verão que vem...

Mas não é do tempo que eu quero falar... aliás, devo confessar que outro dia por aqui, um leitor ficou mega indignado ao me ver postar sobre o horário de verão. Não gostou nadinha, comentou de forma bem malcriada por sinal, que mereceu a devida moderação. Sim, eu modero meus comentários, afinal, este é blog é de minha autoria, e como detesto as tais letrinhas verificadoras existentes nos comentários, optei pela moderação...me dá a sensação total de controle dos assuntos daqui (virginiana, pois sim).

Embora não tenha postado o comentário dele, até que, por certo ângulo, o leitor anônimo enfurecido tinha lá a sua razão. Conversar sobre o tempo soa como conversa de elevador, daquelas que se pede pelamordedeus pra acabar, mas também ninguém quer parecer antipático...então dizer um 'ó, esfriou', ou 'nossa, esquentou', 'é verdade, tá muito calor mesmo', dá o tempo certinho pra chegar no andar desejado.

Mas não era sobre nada disso que eu queria escrever. Volto ao frio. Ponto, parágrafo.

Já não é de hoje que comento por aqui a minha fascinação pelos ares de inverno. Não vejo nenhuma graça em ficar suando o dia inteiro, bebendo litros de água por puro desespero de causa, ficar com medo de derreter só porque precisou sair de ar condicionado para fazer qualquer coisa, sob o sol escaldante das 13 horas. Ter o dia morto entre o meio dia às 17, porque simplesmente não dá pra ficar parado no sol, e isto também inclui a praia... lutar com milhares de mosquitos e bichos de toda sorte, porque eles também sofrem com o calor e saem de suas tocas hibernantes para nos incomodar. 

No inverno, os dias de sol são realmente aproveitados, são mais belos e agradáveis. E não é só isso...até aqui, este post está merecendo duras críticas, de outros leitores indignados. Vou direto ao ponto.

Já disse alguém, alguma vez, não me lembro onde nem quando, que a civilização só começa abaixo dos 13 graus. A frase, embora um tanto quanto preconceituosa com os trópicos, parece muito bem vinda ao encaixar-se no que pretendo dizer. Dá pra notar o quanto os povos do frio têm vantagens sobre os povos do calor? Sempre refleti sobre isso e acho que o clima influencia sim. Vejo o Canadá, a Europa, o Japão, a Noruega... países cuja diversidade ambiental não chegam, nem de longe perto da do Brasil. Resumem-se a gelo, pedras e muita neve, enquanto que por aqui temos fartura, desperdício e muita terra disponível. Uma catástrofe ambiental lá é solucionada rapidamente, enquanto aqui, temos ainda remanescentes de enchentes de 2008, sem solução.

Toda essa percepção é facilmente entendida por uma história bem simples que relatarei aqui: uma família de camponeses, muito pobre, vivia às custas de uma vaquinha. Dela, extraíam o leite e dali tiravam seu sustento. Era a única coisa que possuíam, além de uma casa caindo aos pedaços. Um padre da região conheceu a família, conversou com todos daquela residência e dias depois, empurrou a vaquinha pelo precipício, matando-a na hora. Indignados, os vizinhos e conhecidos daquela família questionaram o padre a razão pela qual ele havia feito aquilo. Ele respondeu: é agora que eles começarão a crescer... Dito e feito, sem a vaquinha, tiveram que plantar, organizar a casa, retirar o lixo acumulado e, em pouco tempo, estavam todos empregados e prosperando.

Fica a lição: muitas vezes, temos que atirar nossas vaquinhas (ou também podemos chamar de muletas, zona de conforto ou qualquer coisa que o valha) pelo precipício e, dali em diante, reescrever a nossa história...

Os trópicos têm tudo disponível, inúmeras vaquinhas que se permitem sugar e prover, engessando seus moradores a crescer, a ousar, a inovar, a projetar. No frio, tudo é mais escasso, difícil e inatingível. Há que se usar da inteligência para sobreviver!

Que venha o frio!!!


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