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sábado, 12 de maio de 2012

Maternidade


Dias das mães se aproximando e o tema merece mais do que respeito. Merece post especial.

Eu poderia aqui escrever sobre minha mãe, sobre a mãe de minha mãe, sobre as mães que conheço, sobre mim mesma, mulheres especiais que trilham o caminho da maternidade...mas escolho algo diferente.

Quero escrever sobre sentimentos maternos. Abordando assim, consigo escrever sobre tudo o que acima expus, de modo ainda mais carinhoso e sensível, tal como as mães são.

Difícil explicar e, pior ainda, traduzir em palavras, a ideia de gerar um filho. Tem lá os seus desconfortos e ansiedades, período de medos e tiros no escuro, mas a grande verdade é que a vida brotando no ventre é muito superior ao desconhecido. É forte, é poderoso, é mágico. A maioria de nós mergulha de cabeça na experiência. Comigo também foi assim.

Descobri que estava grávida no banheiro do escritório em que trabalhava já há muitos anos. Aquele simples teste de farmácia, que até hoje guardo com as duas fitinhas azuis marcadas, fez mudar minha vida para sempre. Tanto que nem é possível lembrar, hoje, de como era, como fui e como minha vida se apresentava antes daquele dia. Isso porque tudo só passou a fazer sentido a partir daquele momento.

Levei um susto. Por alguns segundos, o tempo parou...

A primeira sensação que tive foi de que nunca mais estaria sozinha. Logo eu, que era tão individualista... Alguém, agora, dependeria exclusivamente de mim. E esta dependência perduraria por bons anos e só eu mesma conseguiria suprir-lhe os desejos mais básicos de sobrevivência, convivência, experiência, ciência, e todas as inúmeras "ências" que se apresentassem. Isto foi assustador. Não havia mais retorno, era preciso encarar de frente o desafio.

Medo...Insegurança...Dúvida. Será que conseguirei transmitir algo de bom? Tenho algo de bom? Isso é bom? Perguntas pipocavam e latejavam em meus pensamentos e só aumentavam junto com a circunferência da minha barriga, num processo lento e contínuo...

A maternidade coloca à prova, de imediato, os teus próprios valores. Filtros são inevitáveis...

O que é essencial à vida? Que valores quero replicar e fazer perpetuar? Qual o limite da minha metade de responsabilidade perante essa criança? Existe limite, existe metade ou apenas um conjunto indivisível entre pai, mãe e filho? Conscientemente, concentrei-me no papel de mãe. Era o que competia a mim.

Foi o maior exercício de auto conhecimento a que fui exposta. Tive que aprender rápido e deixar pronto, junto com meu corpo, minha disposição e meus sentidos, as ações e planejamentos para os próximos dois anos... E depois por mais três, e agora já parto para o terceiro plano temporal.

Fiz assim, por etapas. Virginiano é bicho irritante. Para mim, foi bom. Consegui, dessa forma, ter lucidez nesse emaranhado de emoções e descobertas infindáveis. Viver uma experiência de cada vez pareceu-me mais lógico e permitiu-me intensificar as emoções.

Facilitou muito o grande exemplo que tenho como mãe. Puxando pela memória (sim, maternidade também te faz voltar ao passado), foi simples reviver os momentos do cotidiano e replicar minha maternidade na mesma proporção e força da forma como fui cuidada e, mais do que isso, conduzida. Repeti, sem medo de plágio, sem pedir autorização. Em time que está ganhando não se mexe. Minha mãe acertou muito, acertou demais. Trilhar outro caminho, pra quê?

Nos momentos em que a insegurança bate, e ainda são muitos, essa busca ao passado me acalma e traz confiança. Só transmite confiança quem acredita. Eu acredito que o que faço é o melhor... A energia flui e o amor é o maior alimento dessa energia... e amor de mãe...isso me sobra aos montes. Vi e senti amor de mãe em doses extraordinárias... Transferir esse mesmo amor à minha filha foi simples demais. Os créditos desta história não são só meus.

O medo e a insegurança do início, do meio, e até quando o fim chegar, foram e sempre serão instrumentos para a construção de certezas. Em se tratando de maternidade, não há segunda chance. A cada encruzilhada (e são muitas, sempre), o caminho escolhido se subdivide lá na frente de novo, enquanto que o não escolhido se dissolve como castelo de areia ao vento. Sendo assim, melhor escolher na certeza...dominar o medo e a angústia e dedicar-se a fazer sempre o seu melhor.

As retribuições de todo o esforço costumam vir em dobro e sob diversas formas: beijos melecados, desenhos significativos, cheiros doces, polegares dizendo 'sim', frases surpreendentes, olhares carinhosos, um sem número de 'eu te amo' na mesma proporção do chamado 'manhê!', ...e tudo isso constrói mais certezas, num ciclo saboroso e revigorante.

Tudo fez sentido a partir daquelas duas tirinhas azuis.

Não conheço nada melhor do que ser mãe, do que ter uma mãe e de sentir, transmitir e pulsar, todos os dias, aquele que é o amor mais puro e mais sublime de todos. Amor que não pede passagem, que não cobra e nem espera, amor que dedica, alimenta e silencia. Ensina e engrandece. Amor que conhece e afaga, renasce e brota, acalma e faz bem. Amor que renuncia e dedica, amor que não se explica, amor que, apenas, se aprende vivendo.

Agradeço a Deus por ter sido duplamente agraciada: ter e ser mãe é privilégio de poucas.

Feliz Dia das Mães!!

1 comentários:

Fernanda disse...

Muito bom o seu texto, traduz o emaranhado de sentimentos que vêm junto com a notícia de que um novo ser se forma dentro de nós.

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