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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Falar em público é...

A vida de advogada exige muito de minha postura profissional. Expor pensamentos e ideias, defendê-las arduamente e convencer quem ainda não se deixou convencer são minhas atribuições diárias.

O exercício de todo este fluxo de pensamento e do poder de persuasão carrega, necessariamente, a necessidade de me expor, de falar em público, de defender ideias em reuniões, audiências e similares, de concordar e principalmente discordar, com fundamento e conteúdo.

Quando eu olho para trás, na minha linha da trajetória da Vida, lembro de uma menina tímida, que gostava muito mais de ouvir do que falar, que a tudo e a todos observava, e calada em seus pensamentos, tirava suas conclusões, sem que ninguém as soubesse. Apresentar um trabalho era um tormento...mãos frias, trêmulas e voz gaguejante insistiam em me agarrar, sem que pudesse dominá-las. Talvez a grande dificuldade de quem não gosta de se expor esteja exatamente no medo do ridículo, ou na famosa frase amedrontadora: 'mas o que é que "eles" vão achar de mim'? 

Sou advogada por profissão e paixão... nas horas vagas, quando a agenda e a disposição permitem, sou professora por vocação. Adoro ver os olhos brilhantes, na expectativa de minha fala, amo as perguntas desafiadoras, e mais do que tudo, na conclusão do trabalho, perceber dos alunos que minha interferência fez diferença na vida de cada um deles, ou pelo menos, na grande maioria.

Inimaginável pensar que, anos atrás, aquela garota tímida e silenciosa, poderia expressar-se de forma tão natural, como se na cozinha de sua casa estivesse, para em público expor um conteúdo qualquer, aos olhos críticos de um grupo heterogêneo, cansado e não tão disposto assim a ouvir alguém comentar o que quer que seja, até as 22 horas de uma sexta-feira fria.

Pois então, aqui estou. Com dedicação e paciência, superei limites impostos por uma sociedade eminentemente crítica, que não valoriza o conhecimento, o professor, e gosta de crucificar os que se expõem. Percebi, nestas minhas andanças, que nunca conseguiremos dominar o pensamento alheio, por mais que se tente.

Portanto, aos que ainda mantêm amarrados seus anseios pelo parlatório, digo com consistência: não vale a pena. Expor-se não é sinal de fraqueza, nem nunca será motivo de vexame. Diga, fale, comente, opine...mostre a que veio. Você se surpreenderá consigo mesmo...

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