Um pouco do meu fim de semana foi dedicado a reflexões. Assisti a um filme que me deixou assim, pensativa, até por demais. Um filme já antigo para os padrões atuais, quando tudo que foi lançado ontem já é tido como passado. Chama-se: O Curioso caso de Benjamin Button. O personagem principal, ao invés de nascer e envelhecer como todo mundo, começa sua vida velho e morre bebê, numa inversão de lógica sensível, que aborda o tema - o tempo - de forma absolutamente poética e convincente.
Quem não assistiu, recomendo muitíssimo.
Na verdade, o filme traz, além de tantos outros aspectos, um que me foi mais impressionante: questiona a forma como levamos nossas vidas. De uma forma geral, todos assumem seus compromissas e se vêem em rodas vivas do tipo: casa-trabalho-casa, passando por outras semelhantes ao: ganha dinheiro - paga conta - faz dívidas - ganha dinheiro, ainda complementada pelos vários papéis que exercemos ao redor de: filho - marido - família - irmã - amiga...
Em síntese, pouco enxergamos, efetivamente, a forma como a vida se desenrola. Debaixo dos nossos olhos a rotina consome grande parte do nosso tempo e pouco sobra para o inesquecível, o marcante, o incrível.
Há visões distorcidas sobre o tempo: vejo alguns reclamando das rugas, correndo atrás de aplicações de bottox para aliviar as expressões daquilo que se viveu e que nada apaga. Rejeitar o tempo é, no fundo, perceber que tudo o que foi vivido não foi pleno. É querer outra história para si, ou por não ter aproveitado o tempo que lhe foi dado, ou por ter aproveitado demais, de forma deturpada.
Somos, na verdade, uma sucessão de experiências. Ao nascer velho e morrer bebê, Benjamin Button ensinou que a vida tem sentido quando abraçamos as oportunidades e nos permitimos viver intensamente todas as experiências que se dispõem à nossa frente.
Fazer de hoje um dia que possa ter algo de inesquecível e surpreendente parece uma divertida missão. Sem pressa, sem cobranças, apenas vivendo o tempo que nos é disponibilizado com qualidade superior.
Ninguém consegue parar o tempo. Mesmo depois da morte, ele continua sendo contado, talvez não por relógios, mas por meio de outras experiências, que continuarão chegando e se apresentando a todos. Uma jornada tão incomum quanto a de Benjamin ensina algo que é compartilhado por todos: o tempo não retrocede. Ao contrário, deixa marcas. Ainda que invisíveis, sufoca e impede novos recomeços. Aceitar sua trajetória com serenidade é o melhor dos recomeços.
Meu dia hoje, foi incrível...
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