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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mais do que só xadrez



Sempre curti muito jogar xadrez. Não me lembro quem me ensinou ou como aprendi, mas não foi sacrifício nenhum memorizar alguns movimentos referentes às peças específicas do jogo.

Também nunca estudei xadrez. Deveria tê-lo feito. Jogaria bem melhor. Perco algumas vezes exatamente por não conhecer a fundo as regras do jogo. Mas só pela diversão sempre valeu.

Impressionante como um jogo aparentemente simples consegue ser mais do que um jogo. É estratégia. Tem aparência de guerra, medieval, as próprias peças nos remetem a um passado distante, onde bispos, cavalos e torres imperavam, peões subordinados, rainhas e reis determinantes de uma história cuja vontade deveria ser obedecida, sem questionamentos.

As peças nos ensinam sobre hierarquia, espírito de equipe, especialidades individuais. Caminhamos sobre um tabuleiro, ou melhor, um terreno cuja guerra é declarada e todos com o objetivo de derrubar o rei alheio.

O jogo nos ensina a pensar. Pensar diferente, de um jeito que o ato de hoje, a jogada, não deve ser apenas um movimento qualquer. Deve estar conectado com o movimento seguinte, e o próximo, o próximo, até alcançar o objetivo que, obviamente, já deve estar traçado.

Até que o adversário o faz mudar toda a rota traçada. Ah infeliz! Aquele cavalo arruinou minha jogada! Se perder a atenção por um momento, sua rainha terá a cabeça cortada!

Muitos cavalos, bispos, rainhas mandonas e torres desajeitadas modificam nosso rumo diário. Nos desconsertam, nos provocam mudanças e repensares. Peões subordinados incomodam e por vezes até assustam, de tão capachos. E o autoritarismo de reis, que pouco fazem, mas muito mandam, por vezes ditam regras esdrúxulas e mal iluminadas, conturbando o caminho de muitos.

Não me parece apenas um jogo. É o retrato da vida real. De alguns dias ou de todos os dias, dependendo da sorte.

E minha menina, com seus minguados oito aninhos, aprendeu hoje que, tal como no xadrez, o jogo da vida se perde e se ganha, mas a satisfação de ter feito o seu melhor sempre ficará latente!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Corações e Estômagos



Sou colecionadora. Já tive muitas coleções. Papéis de carta foram as primeiras, depois as bonequinhas fofoletes, moranguinho, adesivos, figurinhas...

Não perdi a paixão por colecionar e já faz algum tempo que me distraio colecionando frases. Sim, frases. Daquelas que são lidas e relidas até serem entendidas. Aquelas que instigam, machucam, remoem e são capazes de povoar meus pensamentos por dias... algumas até meses; outras, o tempo todo.

A experiência da leitura, depois que resolvi colecionar frases, ficou mais interessante. Não vale apenas a história. Vale a frase. Aquela que resume tudo. Aquela que desconstrói e constrói logo em seguida. Ler algo simplesmente para procurar uma frase. Já li livros com esse objetivo e decepcionei-me. Outras leituras são tão intensas que acabam por trazer vários exemplares para minha coleção.

Procuro não anotar autores, nem quando, nem onde, nem como obtive aquela frase. Não faz diferença para a minha coleção. Não é nada científico ou algo que vá utilizar para pesquisa ou que mereça citação especial. Vale pela beleza das palavras. Vale pela mensagem, pelo desafio. Vale apenas por existir.

E assim, numa dessas andanças deparei-me com esta: "Não se pode esperar que o estômago viva da mesma maneira que o coração".

Oi? Como assim?

Simples assim. 

Estômagos são estômagos. Foram feitos para triturar comida, dissolvê-la e dividi-la em mil pedacinhos. É o que se espera dele. E deve estar situado logo abaixo do esôfago e antes do delgado. Se estiver em outro lugar, não serve pra nada.

Corações são corações. Servem para bombear e levar o sangue a todo o corpo. É o que se espera deles. Devem estar conectados a artérias e veias porque uma bomba deve transportar e se não estiver conectado com nada, não serve para coisa alguma.

Quantas vezes somos corações executando tarefas de estômagos. E quantas vezes somos estômagos nos forçando a bombear como corações.

Quantos de nós não nos sentimos à toa, deslocados ou vazios. Infelizes, talvez?

Estômagos são felizes sendo estômagos. Eles vivem suas vidinhas de forma a garantir suas existências como estômagos. Assim também são os corações, os rins ou qualquer outra parte de um todo.

Também somos parte de um todo. Uma parte única, própria e uma parte que deve ser e estar, corretamente aposta. Senão, não serve pra nada. É vazia, inútil...atrapalha.

Estar feliz transita por essa realidade. Cada qual na sua função, fazendo a coisa a que se destinou, no local certo para tal.

Uma bela frase para a minha coleção...




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