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sábado, 21 de julho de 2012

Meninas ou Mulheres?



Navegando sem rumo na internet, deparei-me com uma matéria interessante: comportamento de meninas entre 6 a 9 anos. Certa vez, na televisão, já havia assistido a um programa em que demonstrava a preocupação com o corpo e com a imagem de meninas na mesma faixa etária. Era assustador.

Em praticamente todas, a imagem real que faziam de si mesmas era deturpada. Achavam-se mais gordas do que realmente eram. Queriam ser mais magras do que uma aparência saudável determinava. Isso em meninas que recém haviam completado seis anos de idade.

A pesquisa referente à figura que ilustra este post tinha um foco diferente. Psicólogos mostraram a imagem e fizeram quatro perguntas para as garotas: Qual delas se parece com você? Com qual delas você quer se parecer no futuro? Qual é a mais popular? Com qual delas você gostaria de brincar?

Também de forma assustadora, mais de 68% das meninas responderam a todas as perguntas escolhendo a figura da esquerda.

Não é difícil perceber, entre meninas dessa idade, comportamentos estranhos para a faixa etária em que se encontram. Interesses em saias curtas e disputa pelo menino mais popular da escola parecem ser mais comuns do que se imagina. São poucas as que ainda se interessam por brincadeiras tipicamente infantis e que pouco ligam para as tendências de moda.

E as lojas acompanham este perfil dominante. É extremamente difícil encontrar roupas adequadas a esta faixa etária de meninas. Eu que o diga. Corpetes tomara que caia, saias com fendas, rendas e transparências, sapatos com salto e até meia arrastão são itens rapidamente encontrados. Maquiagem, estampa de oncinha, cabelos com penteado elaborado, unhas feitas, embora ainda me assustem, não são mais raros em crianças que ainda estão longe da puberdade. E ainda há mães e pais que aplaudem e incentivam a transformação de suas meninas em mulheres... aterrorizante, pra não dizer bizarro.

Novos tempos? Outros tempos? Que tempo é esse?

O que há de errado em esperar uma idade mais adequada para explorar esse universo? Onde estão as meninas que são simplesmente meninas e não miniaturas de gente grande?

Não tenho dúvida alguma que um comportamento que determina vivenciar experiências precoces é extremamente prejudicial. Cria universos adulterados, oferece mensagens envenenadas, propiciando baixa auto estima, na medida em que incute na criança a sua aceitação social apenas tendo em vista sua imagem 'bacana', 'sexy' e 'descolada', exatamente numa fase em que se estabelece a identidade social para a vida toda.

Se este é o novo mundo, estou conscientemente bem longe dele...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Raízes e folhas


Árvores representam mais do que a natureza. São seres praticamente mitológicos, guardiães de tudo o que as cercam. Metaforicamente, podem ser comparadas à força, consolidação, domínio, sabedoria, algo perene e já pacificado.

Suas raízes indicam a base, a estrutura de qualquer coisa sólida, persistente, definitiva...

E como nada é tão imutável assim, suas folhas são cíclicas, ora verdes, jovens e úteis, ora amareladas pelo outono, caídas ao chão, mortas e secas. Até que tudo se renova por mais uma vez.

Raízes e folhas são opostos de facetas que se completam. Revelam contrastes óbvios, de seres mais do que vivos, pulsantes.

É desfrutar a vida sem perder o chão. É ser leve com responsabilidade. É ousar com segurança. É permitir-se mudar as ideias, sem perder os princípios.

Caminhadas em bosques são mais reflexivas do que se pode imaginar...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Meus sentidos





Meus sentidos estão sempre sendo colocados à prova de alguma coisa. Gosto desta sensação. Estar atenta aos acontecimentos, aos detalhes, aguça a percepção e me faz sentir viva.

Treino minha audição para ser seletiva. Muito se escuta, pouco se aproveita. Estar pronta quando algo a escutar é importante é meu lema. O resto vira simplesmente, o resto. E detesto quando acabo errando o alvo. A mira certa depende de muito treino e dedicação.   

Meu olfato é mais ligado a memórias. O cheiro da infância, do colo da mãe, do perfume que mais gosto, da receita nova, o lençol amaciado, o cangote da minha filha. É preciso estar pronta a viver bons momentos, e recordar. 

Texturas, sabores... tato e paladar dedicados e atentos. 

Para a visão, algo especial. Tento forçá-la a captar imagens sem ser percebida. Aparentemente distraída, aos olhos dos outros, é quando os acontecimentos se revelam mais explicitamente. É o mais grandioso dos sentidos e de onde se extrai maiores responsabilidades. Eu 'ouvi dizer' é fraco... eu 'vi' é poderoso...um verdadeiro divisor de águas. Melhor ver sem ser vista. 

Sentidos são nossas ferramentas de exploração da vida. Com eles sentimos as emoções, vivenciamos experiências, desafiamos a inteligência e a força da natureza. Com eles, nos tornamos únicos, captamos da vida o que de melhor e de pior ela pode oferecer e só com eles saímos das derrotas que eles próprios nos colocaram...e comemoramos as vitórias por eles também coroadas. 

Os sentidos são resultado de escolhas. Nossas escolhas. Consequências mil que plainam em torno do que se constrói. A eterna dinâmica da ação e reação da vida. 

O doce acalma o amargo que está por vir. Lixam-se as asperezas com pulso firme. Respiro fundo e vejo que, na verdade, dentro do meu silêncio moram todos os sons.
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