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terça-feira, 19 de junho de 2012

Rotina, sua linda!


Sempre fui muito apegada à rotina. Ter uma, no meu singelo conceito, transmite segurança, controle, precisão. Talvez falso, mas o suficiente para dar uma sensação prazerosa de domínio do seu dia a dia.

Por essas circunstâncias da vida, a rotina alterou-se um pouco por aqui. Virou de pernas para o ar o que, há tanto tempo, parecia já fixo e enraizado. O horário de todos já não é mais o mesmo, as saídas e chegadas, idem e percebo o quanto isso me desestabiliza.

É ruim.

É bom.

Ruim porque quebra o que antes já estava certo. Incomoda porque é preciso reprogramar uma série de fatos que já estavam no automático. Muito se perde, pouco se conquista a curto prazo.

Bom porque sacode a estabilidade. Desencapa a zona de conforto e aparece uma nova fonte de prioridades, um novo reprogramar. Permite novas experiências, desafios.

Mudanças sempre são problemáticas. Ninguém gosta, ou pelo menos, muito pouca gente procura mudanças o tempo todo. Mas, por vezes, elas são inevitáveis. Chegam sem pedir licença, escancaram a porta das nossa casa e se instalam no sofá, sem cerimônia.

Nessas horas, é bom saber que uma nova rotina logo logo chegará, e colocará tudo nos eixos novamente. E a vida seguirá seu curso. E quando nos acostumamos, assim, só pra variar, outras instabilidades podem provocar rachaduras.

Enquanto a viga estiver firme, tudo certo...

sábado, 2 de junho de 2012

Fofolândia


Hoje o post é dedicado a um mal que assola a sociedade brasileira: o politicamente correto.

Ser mais chato, padronizado, inoperante e dispensável não há.

Estamos cercados de politicamente corretos. Literalmente, a fofolândia se instaurou em todos os lugares. Não há mais discussões de ideias, mesmo em tese, porque todo mundo tem receio de expor sua opinião, temendo ser detectado por um politicamente correto, a que tudo pode ofender, ter uma mensagem subliminar não adequada, estar na contra mão do que o senso comum da fofolândia já estabeleceu como correto.

Pois bem. E assim estamos vivendo. Uma nova forma de censura. A censura do politicamente correto que impede, cala, e tolhe o efetivo exercício de liberdade de expressão.

Mais fácil agradar a todos, sem dúvida. Mais fácil também achar que o petróleo é vilão, política de cotas é a solução, usar animais em pesquisas científicas é tortura. Qualquer coisa que foge ao senso comum passa a ser preconceituoso e mal visto. Estamos caminhando para uma sociedade de cresce treinada a pensar de um jeito globalizado, sob pena de banimento. O exercício do contraditório está morrendo, aos poucos, mas numa continuidade assustadora.

Hoje, chamamos de bullying o que todos nós já enfrentamos na escola um dia. Evidente que há a agressão, o exagero, o perverso, e isso sim deve ser mediado. Mas, por certo, todo e qualquer percalço que uma criança passa na escola não pode ser assim interpretado. Se a nota da criança foi 8,0 na prova, lá vai uma comissão de pais, avós, periquitos e papagaios enfrentar a professora, direção e o papa para mostrar a indignação justificada porque alguém 'não ensinou direito'. Se seu filho está sendo excluído da panelinha recém formada por algum motivo, lá segue a mesma comissão para tirar satisfação. E isso, ainda, é interpretado por todos como 'atitude de verdadeiros pais e mães'.

Preservar o meio ambiente é levantar a bandeira contra as sacolas plásticas, mas ninguém se preocupa em saber qual a destinação do lixo que a sua casa gera todos os dias.

Ninguém mais é apenas 'masculino' ou feminino'. Virou ofensa perguntar, numa ficha cadastral, qual seu sexo. A pergunta deve ser substituída por 'orientação sexual'.

Raças não existem. Negro não é negro, amarelo não é amarelo, branco e vermelho, idem. 

As cidades têm que ser rasgadas por ciclovias, mesmo que ninguém as use. 

O saci é um afro descendente com necessidades especiais. Ladroagem é improbidade. Gordo é IMC em faixa de risco.

Hoje, tudo se conversa, mas nada se discute. É perigoso. Dá ação de dano moral. Vira ameaça. Exclui. Ninguém quer receber um carimbo na testa e ser taxado negativamente, aos olhos do senso comum. Consequência direta: os diálogos, hoje, são mornos. Ninguém emite opinião. Tudo se resume a discutir se o tempo está chuvoso, frio ou quente, mostrar o carro que comprou ontem, fazer cara de paisagem, postar no facebook as melhores fotos, estar sempre sorridente, colocar sobre a mesa o celular de última geração, junto com o Ipad...e aí daquele que não tiver a maçã mordida!

Sem perceber, criamos a realidade de Aldous Huxley, em seu Admirável Mundo Novo. Ele apenas escreveu um livro que previa, num futuro hipotético, onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais. Nós, concretizamos e entendemos perfeita essa lógica através do que é politicamente correto.

Por certo, o preconceito não é combatido simplesmente ignorando-se uma expressão ou palavra na qual ele está, supostamente, embutido. 

A verdadeira forma de se extrair a intenção não está na palavra, está nos atos.


Defendo a liberdade de ideias e o respeito acima de tudo. Abaixo a fofolândia!
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